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Principais riscos e ameaças as abelhas e como encontrar soluções que as preservem

Alexandre Peligrini • jun. 28, 2021

Principais riscos e ameaças as abelhas e como encontrar soluções que as preservem: Nos últimos anos as populações de abelhas vêm sofrendo uma alta taxa de mortandade ao redor do mundo, e uma das principais ameaças para inúmeras espécies de abelhas é a perda de habitat e o uso indiscriminado de agrotóxicos.

A química dos defensivos agrícolas ocasiona alterações no organismo dos polinizadores como intoxicação e desorientação durante o voo. Para uma abelha se contaminar pelo uso de agrotóxicos, ela não precisa necessariamente alimentar-se de uma flor pulverizada. A contaminação ocorre durante seu voo, através da ingestão, inalação e/ou contato com as substâncias químicas no ar. Os agrotóxicos junto a perda de habitat são considerados como os principais responsáveis pelo sumiço das abelhas.

O agronegócio brasileiro é um dos que mais utiliza aditivos químicos em suas lavouras. O uso em grande quantidade destes vem trazendo inúmeros e incalculáveis prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana. Ao contrário do que muitos pensam, os riscos de contaminação não se limitam ao campo. Há uma série de riscos ao equilíbrio ambiental, como a contaminação do solo, dos recursos hídricos e do ar. Tendo também um grande risco à saúde humana, podendo ser até cancerígeno. A química dos defensivos agrícolas ocasiona alterações no organismo dos polinizadores como intoxicação e desorientação durante o voo.

O problema maior devido ao uso dos agrotóxicos, é a morte recorrente de milhares de insetos, às vezes até de uma população inteira e afasta outros polinizadores como pássaros e morcegos. Silva, F. O. et al. (2014), apontam que para uma abelha se contaminar pelo uso de agrotóxicos, ela não precisa necessariamente alimentar-se de uma flor pulverizada. A contaminação ocorre durante seu voo, através da ingestão, inalação e/ou contato com as substâncias químicas no ar. O uso em grande quantidade de agrotóxicos vem trazendo inúmeros e incalculáveis prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana.

Além disso, a perda de habitat tem se intensificado ao passar dos anos, onde áreas naturais têm sido convertidas em extensas pastagens e introdução de lavoura, como soja e milho. E como se não bastasse, há também a exploração ilegal de madeira e minérios, que também tem devastado os ambientes naturais.

A melhora ferramenta que temos para combater a desinformação a cerca da importância das abelhas e polinizadores para o planeta e produção de alimentos, é a Educação Ambiental, a qual possui características e fundamentos que despertam um novo olhar do indivíduo a cerca do mundo que lhe cerca. Transmitir às pessoas sobre a importância das áreas naturais ao entorno do cultivo também é uma ótima ferramenta, afinal muitos cultivares agrícolas no mundo beneficiam-se com os serviços de polinização das florestas próximas ou de outros ambientes naturais.

Esses ambientes naturais próximos às lavouras favorecem a nidificação e forrageamento para os polinizadores. Boreux et al. (2012), apontam que para uma boa interação ecossistêmica, os serviços dos ecossistemas não podem ser vistos isoladamente. Há uma série de fatores, interações e intervenções múltiplas que devem ser associadas e desempenhadas pelos agricultores para ter uma maior biodiversidade em suas lavouras. Como, por exemplo, evitar ou cortar o uso de defensivos agrícolas, conservar as matas ciliares e controlar o uso e a aplicação de adubos. De preferência optar pelo uso de adubos orgânicos. Afinal, a visitação regular de polinizadores é altamente relacionada à intervenção de manejo.

Como exemplo de boas práticas para conservação e preservação de abelhas e polinizadores nos cultivos agrícolas, tomarei como exemplo alguns métodos desenvolvidos e aplicados em cultivos de café que além de conservar as populações de abelhas, tem promovido o aumento da taxa de visitação, beneficiando economicamente a produção.

As boas práticas de manejo são utilizadas para aumentar a abundância de polinizadores. Sendo elas, cobertura de sombra, erradicação do uso de aditivos químicos e a preservação de áreas florestadas próximas às lavouras.

A cobertura de sombra ocorre com a presença de áreas de mata nas proximidades das lavouras, sejam estes remanescentes florestais ou agroflorestas. Estas áreas fornecem aos polinizadores abrigo e local para forrageamento e nidificação, o que pode levar ao aumento do número de visitantes florais no cultivo de café, aumentando consequentemente a produção.

Experimentos realizados por Klein et al. (2003) em 24 campos agroflorestais na Indonésia, mostra o quão fundamental é a lavoura de café estar próxima às áreas naturais. Neste estudo, foram observadas duas espécies de café para analizar a importância da visitação das abelhas, o Coffea arabica e C. canephora.

Os resultados mostraram que a presença de agroflorestas atraiu mais abelhas e com isso teve um aumento representativo na produção. A autopolinização teve uma taxa média de 10% de frutificação para as duas espécies. Já a polinização cruzada no C. canephora teve um aumento de 15,8% no conjunto de frutos, e no C. arabica representou um aumento de 12,3% em relação à autopolinização. Estes dados apresentados por Klein et al. (2003), mostram o quão importante é manter áreas preservadas nas proximidades das lavouras cafeeiras, ou cultivar o café em agroflorestas. Quando a estrutura de uma paisagem na lavoura cafeeira se encontra mais preservada e equilibrada com a presença de matas no entorno, a tendência é que aumente a abundância de abelhas visitando o café.

Em locais onde a produção de café é realizada pelo método orgânico e em agroflorestas, além de preservar e conservar o meio ambiente, a qualidade do café é melhorada e consequentemente, o valor agregado por saca quase dobra de valor em relação a cultivos convencionais. A polinização além de ser um fator ambiental muito importante para o ecossistema, é também muito importante economicamente para o cultivo e produção de café. Com base nas boas práticas de manejo descritas acima, e preservação das áreas naturais de entorno, o ecossistema e a produção cafeeira tendem a serem beneficiadas mutualmente.

Nota-se que há diversos métodos e formas de combatermos o uso indiscriminado de agrotóxico e também para combater a destruição de florestas e demais áreas naturais que ainda nos restam. E além disso, através da agroecologia podemos desenvolver técnicas de plantios que atraem as abelhas e que preservem os polinizadores nas propriedades agrícolas. Sabemos e temos consciência que há o declínio das abelhas, mas se passarmos a cobrar nossos produtores de alimentos para que produzem de forma mais sustentável, haverá uma transformação no modelo de consumo e consequentemente haverá um movimento forte para que os modelos de produções também sejam diferentes e coerentes com a preservação das abelhas e demais polinizadores.

Autor: Gleycon Silva

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