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Turismo das abelhas se espalha por destinos e hotéis e defende preservação

Alexandre Peligrini • jun. 14, 2021

Turismo das abelhas se espalha por destinos e hotéis e defende preservação: A população de abelhas vem diminuindo drasticamente em todo o mundo – um quarto das cerca de vinte mil espécies catalogadas no mundo está sob ameaça de extinção. Seu “desaparecimento” acarreta não apenas importante perda da biodiversidade natural, como também ameaça a própria existência de diversos alimentos no futuro. Felizmente, o aumento do interesse geral em salvar estes animais (e o planeta!) tem inspirado a indústria turística a também deixar sua contribuição.

Diferentes destinos e propriedades hoteleiras vêm criando experiências interessantes para que viajantes possam atuar diretamente nesta proteção – e fazer, é claro, bom uso do mel produzido localmente -, o chamado “bee tourism” (apiturismo).

Conheça algumas destas iniciativas e prepare-se para olhar estes impressionantes insetos de outra forma.

Loucos por abelhas

A Eslovênia é um dos casos mais interessantes deste nicho do apiturismo. O país tem nada menos que cinco apicultores para cada mil habitantes e é o único no mundo a criar um programa oficial de apiturismo com diferentes atrações turísticas relacionadas às abelhas (museus, spas de apiterapia, workshops de velas fabricadas com cera de abelhas etc).

A cidade de Zirovnica ainda possui as colmeias de Anton Jansa, conhecido localmente como o fundador da apicultura moderna, abertas à visitação. O país é tão fanático por abelhas que existem até cabanas para aluguel na cidade de Pernice com colmeias inteiras incrustadas nas paredes — criando um zumbido constante que, segundo os proprietários, favorece a qualidade do sono do hóspede.

Festa a italiana

Já nos Estados Unidos, a Califórnia foi um dos primeiros destinos americanos a combinar o salvamento das abelhas com o turismo responsável em diferentes atividades e atrações. O Carmel Valley Ranch, por exemplo, é lar de 60.000 abelhas italianas, em colmeias cercadas por campos de lavanda e flores silvestres – e oferece caminhadas entre eles e degustações de diferentes tipos e produtos derivados do mel produzido ali.

Em Adelaide, na Austrália, o Adelaide Bee Sanctuary oferece visitas turísticas por seus belos jardins repletos de abelhas. Como o destino deve ficar fechado ao turismo internacional ainda por muito tempo, é possível contribuir financeiramente com o projeto também através de doações online.

Colmeias urbanas e turísticas

Em Paris, França, existem diversas colmeias urbanas, incluindo muitos edifícios históricos com suas próprias abelhas nos telhados, do Museu D’Orsay ao Les Invalides.

A mais icônica delas se encontra no telhado da Ópera de Paris, lar de uma colônia de abelhas por mais de 25 anos. Os Jardins de Luxemburgo abrigam colmeias de madeira desde 1856, mantidas até hoje por uma escola de apicultura. Paris, aliás, é zona livre de pesticidas desde 2000, o que contribuiu para aumentar significativamente a população de abelhas na cidade desde então.

Festivais

Em Chicago, EUA, a Chicago Honey Co-op reúne desde 2004 apicultores e voluntários que mantêm apiários que podem ser visitados mediante agendamento, incluindo o rooftop do Christy Webber Landscaping e as colmeias do Patchwork Farms, na West Chicago Avenue. Turistas também podem adquirir seus produtos em dois dos mais famosos mercados da cidade: o Green City Market e o Logan Square Farmers Market.

Também nos EUA, Nova York, que recebe a visita de mais de 400 espécies de abelhas selvagens, também tem suas colmeias urbanas – inclusive no parque suspenso The Highline, em Manhattan.

Da primavera ao outono, abelhas coletam pólen de inúmeras flores ao longo dos mais de dois quilômetros de extensão do parque. Turistas podem observar pequenas “caixas” de madeira que abrigam as colmeias do local e fazer doações para o projeto (inclusive virtualmente).

Hotelaria entra na dança

Não é de hoje que propriedades hoteleiras resolveram arregaçar suas mangas para a preservação das abelhas no planeta. Mas, sem dúvidas, os avanços da crise climática que vivemos intensificaram iniciativas nesse sentido nos últimos anos.

A rede Fairmont criou o projeto “Bee Sustainable”, que instala colmeias nos jardins e telhados de hotéis do grupo no mundo. O Fairmont Rio, única unidade da rede na América do Sul, fez também uma parceria com pequenos produtores de Nova Friburgo para o desenvolvimento de uma linha artesanal exclusiva de mel para o hotel (utilizado em pratos do seu Marine Restô e drinques do Spirit Copa Bar).

Em Toronto, no Canadá, a rede Shangri-La fez aposta semelhante com um apiário construído nos jardins. A instalação tipo Bee Wall contribui para a polinização da área central da cidade e fornece cerca de 20 quilos de mel por ano.

Adoção de Colmeias

O produto é utilizado em pratos, coquetéis e sobremesas dos restaurantes do hotel e também em tratamentos do spa.

A Mantis Collection, por sua vez, desenvolveu um projeto de “adoção” de colmeias em parceria com a Accor e a ONG Honey Bee Heroes. Está aberto a doações do mundo inteiro e espera chegar a 1000 micro-apiários na África do Sul. Todas as colmeias doadas pelo projeto pertencem às comunidades locais onde estão os hotéis do grupo.

Na França, o Mandarin Oriental Paris possui colmeias instaladas na cobertura com cerca 50 mil abelhas em cada uma delas, produzindo até 30 quilos de mel anualmente. O hotel aproveita a produção do seu próprio mel até em pratos salgados dos seus premiados restaurantes. A iguaria também é utilizada em combinações em seu Bar 8, como o Zhenzhi, feito com tequila, leite de amêndoas, xarope de Matcha tea e mel com chá de jasmim.

Por aqui também existem opções

No Brasil, o Renaissance São Paulo também apostou na preservação da espécie Jataí, nativa do Brasil, em seu pequeno apiário urbano criado dentro do hotel. Vale lembrar que, no Brasil, as abelhas são ativamente responsáveis pela polinização de cerca de 30% da flora da Caatinga e do Pantanal e por até 90% das espécies da Mata Atlântica.

No Pantanal matogrossense, o Refúgio Caiman criou o projeto Abelhas Indígenas para conscientização, preservação e proteção. Introduziram 25 caixas-colmeia da espécie Jataí em sua agrofloresta, que atuam diretamente na polinização das plantas nativas. Dentre as atividades oferecidas, hóspedes podem acompanhar o processo de colheita do mel.

Tradição britânica

No Chewton Glen, em Hampshire, as mais de 50 colmeias são mantidas em um prado de flores silvestres especialmente projetado para isso. Os hóspedes (inclusive as crianças) podem ajudar na colheita do mel e saborear diversas sobremesas tradicionais inglesas elaboradas com ele.

No País de Gales, o Llangoed Hall, rodeado pelas impressionantes Black Mountains, tem um apicultor dedicado que se encarrega da produção de mel fresco, utilizado em todas as refeições preparadas pelo hotel (assim como 95 por cento dos vegetais, ervas e frutas servidos são oriundos de suas próprias hortas privativas).

O quarto andar do Ham Yard Hotel, em Londres, abriga um grande jardim com vista panorâmica para o horizonte londrino que inclui duas colmeias eco-sustentáveis. O mel produzido ali é utilizado também no cardápio de coquetéis do bar, aberto também a não-hóspedes.

Paraíso na Polinésia Francesa

O caso mais emblemático da preservação das abelhas na indústria da hospitalidade é o do hotel The Brando, instalado no arquipélago de Tetiaroa, na Polinésia Francesa. O resort, premiado várias vezes como o hotel mais sustentável do mundo, criou também um importante apiário em algumas das ilhotas do arquipélago.

As primeiras abelhas foram transportadas de barco ainda nos anos 80, a partir de Nuku Hiva, sob supervisão do ator Marlon Brando, que comprou o arquipélago enquanto filmava na região. Mas a iniciativa só se revelou realmente frutífera quando a família de Brando se associou a Richard Bailey para abrir o The Brando Resort.

Marca que impressiona

Hoje, o apicultor Stéphane Brouttier toma conta pessoalmente das mais de 60 colmeias do arquipélago e de todo o processo de colheita. A produção de mel ali é impressionante: em média 1.200 quilos de mel coletados por ano.

O mel produzido em Tetiaroa é utilizado em pratos, sobremesas e drinques dos restaurantes do próprio The Brando, e também em outros hotéis parceiros. Além de saborear o mel de diversas formas, os hóspedes podem também ver de perto as colmeias em um dos passeios exclusivos oferecidos pelo resort.

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